O Que É Private Equity?

Antes de analisarmos o impacto da pandemia no mercado da Private Equity, temos de explicar o que significa este termo. Se alguém está dentro do mundo dos mercados financeiros quase de certeza que já ouviu esta expressão. De facto, existem muitas definições de Private Equity, sendo que estas variam de país para país, mas, em geral, refere-se a uma classe alternativa de investimento que consiste em deter a propriedade ou uma participação elevada numa instituição que não está cotada em nenhuma bolsa de valores. Esta forma de capital, diferente do habitual, é financiada por investidores ou mesmo empresas especializadas em Private Equity, que desejam financiar empresas privadas nas suas atividades, ou mesmo adquirir uma empresa pública (no sentido de estar cotada na bolsa de valores), com o objetivo de a tornar privada, retirando-a de negociação na bolsa de valores (Segal, 2020). Deste modo, como esta indústria exige elevadas quantidades de dinheiro, é, no seu geral, composta por investidores institucionais (como, por exemplo, fundos de pensões) e empresas de Private Equity, sendo estas normalmente fundadas por investidores de renome internacional, que conseguem investir elevados montantes monetários por um largo período de tempo (Chen, 2020). Normalmente, estas empresas são compostas por “Limited partners”, que possuem à volta de 99% das ações da empresa e têm sobre si uma responsabilidade limitada no que toca à gestão da empresa, assim como na resposta às dividas a mesma, e por “General partners”, que são responsáveis pela gestão do investimento e apenas detêm cerca de 1% do fundo.

               Existem várias estratégias de Private Equity que diferem entre si, como, por exemplo, “leveraged buyouts”, “real estate private equity” ou “venture capital” (sociedades de capital de risco), sendo que a mais comum atualmente são as Leveraged Buyouts. Estas consistem na ação de uma empresa de Private Equity identificar uma pequena empresa com um grande potencial de crescimento e procederem à sua compra, com o auxílio de dívida que tem como colateral as ações da empresa adquirida e os seus ativos, com o intuito de melhorar o seu negócio, bem como a sua situação financeira, acabando por a vender com o objetivo de realizar lucro.  Deste modo, as empresas adquiridas podem beneficiar de benefícios fiscais, uma vez que a dívida usada na aquisição passa a ser implementada na sua mesma dívida, aumentando os juros pagos pela empresa, que são dedutíveis nos impostos a pagar no final do ano fiscal. Deste modo, neste método de Private Equity, a empresa que adquire uma mais pequena consegue obter o controlo total da mesma e alavancar o investimento, de modo a maximizar o seu potencial. Outro método de Private Equity, como já referido anteriormente, é a ação das sociedades de capital de risco que tem uma característica mais abrangente e se foca no financiamento, por parte dos investidores, de empreendedores ou empresas na sua fase inicial de atividade, que apresentem um grande potencial de crescimento.

               Como qualquer outra operação financeira, também as operações de Private Equity apresentam pontos positivos, assim como algumas desvantagens. A grande vantagem resume-se à possibilidade dada a empresas pequenas e startups de obter financiamento de um modo alternativo aos mecanismos de financiamento convencionais. Como é de conhecimento geral, estas empresas, que ainda se encontram numa fase inicial da sua vida, ainda se suportam apenas numa ideia inovadora e apresentam equipas constituídas por um número muito reduzido de elementos (muitas vezes, apenas os fundadores), pelo que enfrentam dificuldades adicionais na obtenção de financiamento através dos mecanismos usuais. Deste modo, a Private Equity disponibiliza a liquidez necessária para estas empresas crescerem e se estabelecerem no mercado. No entanto, este instrumento financeiro também apresenta desafios únicos. A maior desvantagem baseia-se na dificuldade adicional na liquidação de participações em Private Equity, pois neste caso não existe um mecanismo de encontro entre compradores e vendedores, tal como existe nas bolsas de valor, sendo o preço das ações da empresa determinado por negociações entre vendedores e compradores e não afetado pelas forças de mercado. Do mesmo modo, os direitos dos acionistas de uma empresa de Private Equity são definidos também por negociação e são diferentes de caso para caso, opostamente aos acionistas de uma empresa cotada na bolsa (Chen, 2020).

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